PARA UM AUSENTE
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Ausência- Vinicius de Moraes
sábado, agosto 08, 2009
quinta-feira, agosto 06, 2009
segunda-feira, agosto 03, 2009

O RUMOR MAIS INOCENTE
A escuridão é uma ponte
sobre o vazio.
Indefeso
busco as rotas de origem,
mas a noite
tem muros,
gargantas ilusórias,
falsos ruídos.
Uma gota de água,
o pulsar do relógio,
um velho sino muito distante,
podem ser catastróficos.
A noite do insone
é um despenhadeiro
sem fundo.
(Waldo Leywa - poeta cubano que conheci quando estive em Havana)
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