terça-feira, setembro 02, 2003

MEUS FERNANDOS


Meus Fernandos sao Fernando Pessoa, Fernando Morais,
Fernando Sabino, Fernando Gabeira sao tantos Fernandos
que nem da pra contar...

Chego assim tarde do teatro e fico sem sono. Essa semana
estamos gravando um curta metragem todas as noites
ate quinta. Tomo um chocolate quente com umas gotas de
amarula. Tenho uma politica de abrir o primeiro livro que
saltar os olhos numa pagina aleatoria e hoje cai nessa pagina
abençoadamente relaxante do livro "Gente" que ganhei do
proprio Fernando Sabino com autografo e tudo mais e de fazer
dançar as retinas as palavras cheias de orvalho de
Jayme Ovalle. Eu amo pessoas poeticas...
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Fonte de inspiraçao para quem dele se aproximasse,
parecia irradiar uma força magnetica geradora de
poesia - poesia feita de ar e imaginaçao. Nunca
encontrei quem, mais do que ele, soubesse viver
poeticamente o que ha de prosaico na vida de
todos os dias. Parecia vinculado a uma realidade
magica que transcende os nossos sentidos
embotados pelo cotidiano.

Talvez por isso fosse tao pouco afeito aos atos
corriqueiros da vida pratica. Nao sabia telefonar,
pregar selo em carta, redigir telegrama, e sua
caligrafia nem ele mesmo decifrava. Assim
perdeu seus melhores poemas: por nao
conseguir ele proprio ler o que escrevia....

Que e ato criador, Ovalle?
E qualquer coisa assim como um desastre.
Tem o imprevisto de um choque. Qualquer
coisa extremamente ligada ao pecado. No
fundo, e a revelaçao das coisas que nos
deixamos de viver por falta de oportunidade
e sobretudo por covardia.

A Poesia, Ovalle, que e a Poesia?
E a coisa mais importante do mundo.
Todo mundo nasce com ela, porque
ela e a propria vida. Todo mundo e criado
com o dom da poesia, e so deixa de ser
poeta porque perde a inocencia.

Era capaz de reecontrar a inocencia onde ela
estivesse, com sua incrivel capacidade de ver
as coisas como se fosse pela primeira vez.
- Ja reparou como respirar e bom? - me disse
um dia:
- Das melhores coisas que Deus nos deu nesta vida.
E e de graça, nao pagamos nada para respirar.
Eu concordei, e paramos na esquina, ficamos respirando
fundo como dois mentecaptos o ar
poluido de Nova York.


domingo, agosto 31, 2003

ACHIROPITA

Espero que agua benta que bateu no meu oculos
opere milagres, vida longa a minhas letras
Achiropita Apita Apita

Ontem estive na festa no Bixiga de Achiropita. Dei uma passada na Sala Sao Paulo pra assistir o concerto da Orquestra do Estado. Naquele frio e nada ingresso. Fui direto para a Pinacoteca, antes um café com espuminha pra esquentar e ver os belos quadros. A noite cheguei bem na hora da missa e meus oculos receberam a bençao de Nossa Senhora de Achiropita com um litro de agua benta. O padre passou do meu lado e caprichou na bençao. Espero que depois disso nunca me falte letra e que eu escreva até perder os olhos ou oculos.

Enfim as filas estavam enormes pra manjar bene e achei muito tumulto, é uma grande quermesse. Parece que Sao Paulo inteira estava la. Gostei mas achei programa de indio nao pretendo voltar tao cedo. Nao consegui comer a tal da fogazza que a fila tinha umas cinco voltas. Acho que prefiro ir numa pequena cantina italiana com alguns poucos amigos nao gosto mais de ver muita gente, me senti num formigueiro humano.