sábado, abril 21, 2001

POESIA E QUADRO DE LUA

[Tirei a foto do quadro]
Starry Night - Vicent van Gogh

LUA ADVERSA
[Cecília Meireles]

TENHO FASES, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
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PS. lua lua lua love love love luna luna luna.
E DOVE SAI AS IMAGENS?
Tirei algumas imagens pois estava demorando muito
para carregar, já recebi reclamações.

JUSTIFICATIVA
Agora que aprendi a colar imagem, estou
na mania de colocar aqui, mas isso passa. Se bem
que tenho que confessar, adoro fotografias.
Acho que já deu pra notar.

sexta-feira, abril 20, 2001

MATÉRIA DE CAPA


Acho ninguém gosta de confessar, mas uma das minhas grandes
frustrações, foi não ter conseguido entrar na Oficina de Roteiristas
da Rede Globo. Tinha chegado de viagem e na pressa pra entregar
alguma coisa, pois soube do Concurso nas vésperas de acabar o prazo.
Escrevi uma sinopse ao meu ver o mais perfeita que pude imaginar.
Mas não tinha diálogos e nem as marcações de cena. Meu trabalho
nem chegou a ser lido, foi para o lixo direto. Fiquei sabendo
quando fiz essa entrevista com o professor. Chorei muito e uma
amiga falava pra me conformar, vai ter outras, tenha calma.
E eu totalmente arrasada ainda falava.
- Eu vou estar lá no primeiro dia dessa Oficina, custe o custar.
Foi quando tive a brilhante idéia de sugerir a pauta para o Jornal.
Pela primeira vez fui pra São Paulo no carro do Jornal com direito a
fotógrafo e motorista. O professor não gostava de jornalistas e foi
interessante, pois ele disse que se falasse amarelo um jornalista
sempre iria escrever laranja, eles sempre distorciam as palavras.
Gravei toda entrevista e ele me mandou um e-mail elogiando
que tinha conseguido escrever na cor certa.
E foi assim que estive na Oficina de Roteiristas não como
aluna que era o ideal, mas estive como jornalista. O Flávio
me deu um castigo e disse que só ia poder me dar entrevista
depois da aula. Quem me dera encontrar vários castigos
assim pela vida, amei estar lá e fiquei dois dias, depois
disso tive que terminar a matéria pois ele não permitiu
mais minha presença. Pelo menos senti o gostinho.
Leiam e me digam se como "maluca beleza" um dia ainda
não vou ter minha chance. Aposto que sim, não desisti e
vou morrer como soldado - perdendo mas lutando.
As minhas histórias ainda vão virar roteiro, claro que
conto com a ajuda de vários amuletos da sorte e quem
sabe um dia conheço assim, uma fila de autores de
verdade e eles me dão um empurrãozinho.
Tomara que não seja no colo deles, ia ser uma suruba
danada - autores também ficam excitados, eu suponho.
E com autora iniciante o negócio tende a levantar
com certeza. (risos)


RECEITA DE AUTOR

Flávio Campos dá a receita para quem quer ser autor " Tem que ter
imaginação em grande quantidade, tem que ter memória, noção de
continuidade, de ritmo, vasto domínio de língua portuguesa. Tem que
ter uma generosidade com o outro, tem que enxergar o outro na forma,
como o outro vive. É necessário ter uma cabeça dramática, tem que
enxergar a cena do cotidiano desfilando sob o seu olhar atento.
Tem que entender que a vida é uma revelação que brota de uma cena.
Tem que ter cultura, quanto maior melhor, conhecimentos de psicologia
de filosofia, isso são coisas que ampliam...."


A PARTE QUE MAIS GOSTO QUE ESCREVI...
Para participar da oficina existe uma quebra de valores, diferentemente
do que acontece com outros cargos- o candidato pode ter um perfil
bem particular, existe uma tolerância para a maluquice. O "maluco
beleza", que seria eleiminado para uma tarefa administrativa, é aproveitado.
Desfila uma galeria de tipos: desde a senhora de 60 anos, que passou a
vida cuidando do filho e agora descobriu o talento pra escrever, o rapaz
homessexual, aquele garoto de praia de 19 anos, passando pelo intelectual
de esquerda, o de direita, o negro oprimido, o careta, o pós-moderno,
não existe um pré-conceito definido de exigências para o candidato.


PS. o" Aquele" meu fã vai gostar de ler um pouquinho das minhas matérias...
nunca acerto a proporção, sorry por carregar o micro dos blogonautas
a imagem do jornal ficou um elefante... depois tento diminuir.
TEMPOS COR DE ROSA

[Tirei a foto]
foto de fantasia na casa da vovó
em abril de 1966

BAILARINA
[by Rosi Luna em 86]

Não sei que menina é esta
Que ama como uma mulher
Não sei que rosto é este
Que se exprime como uma flor

Quanta tristeza e dor
Qual candura e formosura
Fez tua tez tão pura
Onde escondes tua figura?

Menina ainda
Ainda que te escondas
Ainda que te esqueças
Impossível deixar de sentir-te

Tão cálida e linda
Tão suave bailarina

quinta-feira, abril 19, 2001

SAUDADES DE LAUDAS DATILOGRAFADAS

Alguém me pediu pra colocar aqui aquela
lauda que guardava por tantos anos, tenho
mania de guardas folhas soltas e papéis
antigos. Não acertei scanear direito a folha,
só aprendi a colocar imagem.

Essa é uma autêntica lauda de 20 linhas
da qual gosto muito, vou transcrever o
que ela diz. Pena que não tem data.
Foi enviada pra mim, é a continuação
daquela foto de bailarina.
Fiz um poema que depois coloco aqui
que se chamava "instantâneo momento de cor".

Rosi Luna em Nostalgia Total
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O QUE ESTÁ ESCRITO...

Linda Criatura:

Ontem inauguramos a exposição sobre Arraes. Não pude te mandar
convite porque sairam na véspera da exposição e além do mais,
horrorosos, como voce pode ver.
Foi um sucesso de publico e foi prestigiada pelo governador
eleito que elogiou os trabalhos. Além de Arraes, amigos meus
e seus. Alguns que só tinham olhos para minhas fotos.
Faltou voce para completar minha alegria. Mas eu via voce
entre as pessoas, passeando entre as fotos, sorrindo seu
olhar" instântaneo momento de cor".
Tenho um montão de coisas pra te contar, mas quero fazê-lo
pessoalmente muito breve. Queres ouvir?
Surgiu uma proposta para fazer um trabalho em Belo Horizonte,
para uma agência de publicidade. É o aniversário da cidade e eles
querem transar um catálogo com muitas fotos e já tivemos o primeiro
contato. Se pintar, será para loguinho. Bom né?
Estou te escrevendo enquanto o boy olha pra mim apressado para
ir no banco e no correio. Te digo mais depois.

te amo muito (deveras)
muitos beijos, muitosbeijos, muitosbeijos
muitosbeijos, muitobeijos,muitosbeijos,milbeijos,inumerosbeijos,cemilhões
debeijos, trilhõesdebeijos,beijos,beijos,beijos,beijos,beijos,beijos,beijos

Ass. Maneco


PS. tenho uma amiga que disse que parece novela, eu
o conheci vestida de bailarina quando tropecei em um
flash que carregava na tomada de uma parede em um baile
de carnaval. Não me falou de cara que era da Veja.
Claro que depois soube e viajei muito pela Abril Cultural.

quarta-feira, abril 18, 2001

O BLOG VAI SAIR DANÇANDO...

Não contei que a aula de dança flamenca foi
tão tré-dificile que não vou voltar. Com 40 quilates
a coordenação motora não obedece e quando
conseguia movimentar as mãos, os pés estavam paradinhos.
O Filipe tirou de letra e conseguiu logo na primeira
aula, fazer a mão e o pé na maior harmonia então
decidi que só ele vai fazer aula de dança flamenca.
Não me animei muito pois a dança é linda mas não sei
se ia me acostumar é tudo muito complicado.
Vou tentar um outra aula e vou decidir, o movimento
da saia e as paradinhas do olé! É lindimais como
diz a Carmina.

PS. estou com dor na coluna, entrevada, com gripe
e ninguém percebe no blog, ninguém nota nada...
que bom que tem uma tela pra eu me esconder atrás.
POESIA PARA BAILARINA DE VERMELHO
COM DEDICATÓRIA NA FOTO


Outro dia mandei pra alguém essa dedicatória poética só que coloquei
um "louca" acho que estou meio tan tan e aumentei um pouco ou só
pensei em colocar a verdade, eu era uma louca de fato... risos

A DEDICATÓRIA POÉTICA

Rosi,
Lembrando do
seu aniversário
lembrei também
de ter rasbiscado
algo assim:
baila. baila, bailarina,
balalaica, laica e
linda

Um sorriso puro
Maneco 23.01.86


PS. tinha mania de mandar sempre sorrisos
no final das minhas mensagens. Ele tinha comprado
uma leica e a gente brincava pois eu só escrevia
laica. E entre laica e leica ficou dessa forma que
ele escreveu. De algum lugar lá do céu ele deve
estar lendo essa mensagem, ele morreu em
um assalto fotografando ruínas de uma igreja
já faz alguns anos, mas parece que foi ontem.
Fiquei com as fotografias e com as lembranças
do nosso amor de uma bailarina e um fotógrafo.
Tive outros amores e minha vida tomou outro rumo.
Estou abrindo meu baú lotado de coisas e agora
já sei colocar foto e sei fazer letras coloridas sozinha,
essa minha trava com o micro torna tudo mais
difícil mas estou conseguindo me libertar dos
medos aos pouquinhos.
Parece até ironia do destino conseguir
colocar aqui onlymente justamente essa foto
que gosto tanto, não pela foto em si, mas pelo
valor afetivo que tenho com ela.
DIRETO DO BAÚ DE POESIAS DOS ANOS 80



Mira linda
teu sorriso leve podia saltar...
Meiga face de alface
beijo cintilante
de amor brilhante


PS. na época ganhei um anel, não era de
brilhante legítimo mas era bem gracioso e
namorava um fotógrafo.
Olha a loucura ele tirava minhas fotos e
me pedia pra fazer poesias e aí está o
resultado. Tenho várias poesias ilustradas.
Esse cartão era uma xerox, gostava de
montar minhas poesias como cartão postal.
Nem era linda, mas como poeta mentia que
era uma beleza, e ele acreditava.
Tenho saudades dos meus vinte anos...

domingo, abril 15, 2001

BEIJO ROUBADO


The Kiss - Gustav Klimt
diretamente roubado do Mucha


POESIA ROUBADA

Inconfidências

Vejo-te os passos, Marília, tateando o chão dourado desta Vila
Da qual és tesouro, Dirceu, mais que da vila, da vida minha
Liberta-te, amor, de grilhão que a alma te prende, atira-te imprudente
Atira-te impensadamente, Dirceu, em meu dilúcido abraço
Seja o lúdico, querida, sempre o lúbrico, mais se proibido
E colha a flor que para ti guardo de perdidas primaveras
Flor que sabe o musgo do mais recôndito paraíso
Vem, Dirceu, por isso, vem sem nada
Vejo pássaros que dançam sob o insólito sol da vila trágica
Paraíso das vagas estrelas de um imponderável crepúsculo
Devoro o que adoro na profana eucaristia de todas as horas
São esses ares, odores, ensejos de amores, rumores
Porque és isso, nereida e ninfa, a me fazer tonto, exposto, atônito
Maníaco que ataca súbito, veloz, terrífico
Que brilhem os teus cabelos na desvirtuosa viagem de todas as brisas
Astro estonteante de galáxias sem órbitas, senhor da aurora
Somente ante minha desdenhosa demoníaca Desdêmona
Veneziano viajante de eras errantes
No incansável encalço do desviante rastro estelar de sideral senhora
Seja meu o mel de teus lábios
Teus lábios teus dentes teu jeito nunca dantes
Dentes que te hão de prender, lábios beijar, jeito que só a ti se ajeita
Mas erras tão distante, hera de húmus, hímen da terra
Na distância mais íntima úmida e última das feras
Do homem navegante pelas sinuosas penugens de teus vales
Das montanhas, tamanhas e tantas destas Minas
Pela tua pele, síntese do pêssego
pelos teus pelos que se insinuam sob a túnica de seda
Deusa em mim latejante, voraz, Vênus ante tantos veneranda
Do Venerado Orfeu, são teus harpejos
Toda tua nudez será louvada
Teu canto será benvindo
Faça-te fera, me abata na terra, na mata
Me ama na grama, na lama
Me mata na cama
No chão, na mão
No meio do salão
na mente, ilusão
Dentro do meu coração
Vem, então, morrer comigo
Tira de mim o fatal feitiço que me inspiras
Desfaça a eternidade que me deu a tua lira
Fatal fantasia
Fantasmagoricamente gótica
De um anjo brasílico e barroco
Na Catedral do inconfessável desejo
Ai nave espacial do sonho sem retorno
Ai barco de aventura em mar revolto
Fortuna e virtude
Vício e ventura
Lábios de Marília perfeitos, feitos
flores sequiosas, famintas
Ao jeito de meu beijo famélico
Ciciam por delícias
Em carícias deliro
Suspira sereno em meu peito o supremo desejo
Inspira-me pois o eterno recomeço
Faça de mim pedaço de ti
Volto a semente, devoro o tempo
Devora a mim somente.

Pseudônimo: Saci Pererê da Silva
Autor: Levi Bucalen Ferrari
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PS. gosto de amores assim fumegantes, espumantes, conflitantes
realmente inspirante para qualquer poeta que se preza.
Essa poesia foi roubada da Página Um da minha amiguita
Lenita, que colocou um novo link lá e fui visitar um concurso
de poesias. Em especial gostei do pseudônimo e do sobrenome
Ferrari ah! se fosse amarela? Gostei da pele pêssego e tantas outras
passagens "São esses ares, odores, ensejos de amores, rumores
Porque és isso, nereida e ninfa, a me fazer tonto, exposto, atônito
Maníaco que ataca súbito, veloz, terrífico..."