quinta-feira, agosto 09, 2007


Luna de costas em Fernando de Noronha

Primeiro. Fica estabelecido nenhum
contato físico, primeiro quero apreciar,
ela é apenas uma mulher de costas e
assim deve ser. Não consigo me
aproximar, ela é esguia e fugidia.
Vejo sempre sua silhueta clara
caminhante, num rompante corro até
a varanda para esperar que às
dez ela vai passar.Senta no banco
ao lado da estátua, ela é estranha,
por hora posso jurar que está
balbuciando palavras ao vento. Com quem fala? Não vejo ninguém.

Segundo. Fica estabelecido nunca sonhar e no
próximo segundo querer realizar,ela é apenas
uma mulher feita de palavras e assim deve ser.
Não consigo entender sua linguagem, ela é poesia
e fantasia. Vejo sempre seus passos de bailarina,
sinto vontade de chegar perto mas sei que às dez
ela vai sair para bailar. Seus escritos
parecem estar voando, num ballet de frases em
movimento. Para quem escreve? Não tem ninguém lendo.
[texto inédito, só amostra grátis]