sexta-feira, setembro 28, 2001

JULIETA LUNA - A MUSA
Sei de homenagem póstuma, mas de homenagem próxima
tomei conhecimento ontem, quem me dera ser musa,
que dirá encarnar a romântica Julieta. Quer ler como sou aos
olhos da minha amiga e mana Bee, garanto que olhos azuis
exergam diferente, tem uma dimensão mais infinita, ela me
comoveu porque não sou nada daquilo, só escrevo o que me
dá na telha e que se espelha - minha alma, minha calma.
Toca aqui no blog Feito na Cozinha

"Porque com La Luna, a coisa é mais embaixo, a coisa é de
alma mesmo...De amor as letrinhas, a leitura!"

PS. estávamos no ICQ e do nada ela me diz vai ler o meu blog,
tá bom vou ser contratada pra chorar no comercial de margarina.
FRANCESA

alguém viu meus brincos? meus "boucles tricolores" ?
ele brincava de fotografia e eu de poesia
queria ser francesa, falar com biquinho e te
matar com perfume "mon amour"
você é tão pontual, podia ser inglês e tomar chá comigo
porque não acho nada, perdi a poesia dos brincos,
perdi o rosto, perdi a vontade, perdi a idade
porque não abro uma gaveta e me acho lá dentro,
encolhida e vestida de vermelho
e o livro "Le Carnaval de Venice" todo em francês,
não entendo nada, nem do livro e nem de você
o ônibus esperando, a vida passando
perdi a máscara de porcelana e porque me engana,
me toca como se eu fosse toda plana
sente cherry, relevo, curva, topografia corporal
infernal o teu sexo zodiacal
vem de Paris ou de Machado de Assis
vai me dar palavras ou travas
nem sou mais sua presa, vou pra realeza
virar princesa e usar disfarce
meu rosto escondido, meu gosto contido
fugiu libido, onde está meu vestido
me chama de "fleur" diz que sou tua colher,
me sorve, me envolve, me tece
me costura com pérola, fósforo na vela
Leia Bandeira "amor chama depois fumaça"
agora me enlaça e me abraça
fim, amor serafim
te amo arlequim
beijo carmim
SAFRA DE POEMAS

PREGO

cabeça pra baixo
onde me encaixo
macho
fêmea
prego sem cabeça
dedal
fura com um punhal
coloca no pedestal

amor de sereia
anda na areia
macho
fêmea
mula sem cabeça
foge cipreste
me agarra agreste
flor do nordeste

[Rosi Luna -28.09.2001]

quinta-feira, setembro 27, 2001

FACE

seu sorriso leve
podia saltar
meiga face
de alface

amor cintilante
coração transplante
sentimento amante
corpo delirante

[Rosi Luna - 27.09.2001]

FILET MIGNON

Dia cheio, cumpri todos meus objetivos de hoje.
Comi um pão caseiro de calabreza fantástico,
meu fim de semana promete, depois conto.
Vou trabalhar domingo e pego no batente com
as galinhas 7 horas da matina, mas estou feliz :0)
OSSO DURO DE ROER

- Walter Avancini agora está fazendo direção no céu.
- Uma ameaça de bomba no gabinete da prefeita de
Campinas, prédio evacuado, essa moda de terror pega.
- Um estudante assassinado por motivo futil hoje.
- O Cpqd antiga Telebrás demitiu 60 e poucos funcionários hoje,
para fugir da lei que começa a vigorar à partir de amanhã de multa,
muitos amigos foram para o olho da rua de repente, eu sinto muito,
morar num país assim.
- Uma amiga que dá aulas particulares de inglês, perdeu quatro
alunos, eles não querem mais estudar, pois não vão mais viajar.
- Não estamos mais fazendo eventos, ninguém tem clima pra festa.

quarta-feira, setembro 26, 2001

QUERIA

Queria tocar teu rosto
E falar meu desgosto
Queria te olhar no olho
E te aprisionar num ferrolho
Queria ir em alguns lugares
E podia ser até Antares
Queria dizer te quero
E ouvir te espero

[Rosi Luna /26.09.2001]
ME REVELANDO

* Ontem assisti a entrevista da Zélia Duncan no Jô Soares,
ela é uma figura super doce e pude sentar bem próxima
dela no avião que voltei de Porto Alegre, ao vivo ou na
televisão, ela é assim: bonita e sincera.
Se eu já era fã, garanto que aumentou ainda mais
minha simpatia por essa cantora de voz tão franca.

PS: não sou de pedir autógrafo pra cantor, afinal minha
coleção é só de autógrafos de escritores, mas dela não
resisti ao pedido e olha o que ela escreveu:
maior prazer
meu carinho
Zélia Duncan
-----------------------------------------------------------------------------
Tudo aqui quer me revelar
Minha letra, minha roupa, meu paladar,
O que eu não digo, o que eu afirmo
Onde eu gosto de ficar,
...
O que eu rejeito
O que eu nunca vou recusar
Tudo em mim quer me revelar
...
Meu grito, meu beijo,
Meu jeito de desejar
O que me preocupa, o que me ajuda
O que escolho pra amar
Quando amanheço, quando me esqueço
Quando morro de medo do mar
[Me revelar - Zélia Ducan]

terça-feira, setembro 25, 2001

NÃO VOU DIZER ADEUS

Quer que eu vou dizer
Quer que eu vou fazer
Estou tão mal
Estou tão só
Não quero chorar
Mas tá triste sem você
Não consigo dormir
...
Porque eu nem quero
saber desse papo
de ir embora
...
Novo dia vem
Eu tenho tanto pra fazer
Tenho medo
Não vou ficar sozinho não
Não vou dar mole
Sonho com o dia
Em que tudo vai ser leve
...
Por eu não quero saber
Desse papo
de ir embora
Estou amando tanto
É tão díficil ir embora
Não vou dizer adeus,
Porque eu te amo...
[Wilson Sideral]
VAI UM FUNERAL AÍ?

Acho que o mundo do telemarketing perdeu
definitivamente o bom senso. Quando cheguei
em casa tipo 14h. sem almoço, recebo um
telefonema pra lá de inusitado e pra lá de chato,
a moça parecia uma máquina e não parava nem
pra respirar. Acho que se fosse nadadora ia ter
um fôlego e tanto. Imagina vc com fome e
alguém querer te empurrar um plano funerário.

Eu tentei argumentar, mas a moça era jogo
duro, me ofereceu muletas, inalador, funeral
com chá, com café e até em outros estados.
Enfim para morrer hoje, eu contava com toda
a infra estrutura possível.

O certo é que nem estou pensando em
morrer e quando isso acontecer, alguém
que se vire pra me arrumar um lugar,
serve até uma rede, como os índios.

No momento me preocupo em viver da
melhor maneira possível e sem telemarketing
que quase mato a mulher.... risos.
SORVETE

Eu chupei um picolé da Yopa que chama
Abra-Cadabra de sabor tutti-frutti, sabe
que parece um chiclete gelado, a sensação
é ótima...

segunda-feira, setembro 24, 2001

Tradução de Paulo Quintela:

A PANTERA
no Jardin des plantes, Paris
O seu olhar, do repassar das barras,
cansou-se tanto que já nada retém.
É como se houvesse um milhar de barras
e para lá das barras nenhum mundo.

O brando andar de passo forte e dúctil
que se move no mais estreito círculo
é dança de força à volta dum centro
em que está aturdido um grande querer.

De onde a onde abre a cortina das pupilas
silenciosa-. Então entra uma imagem,
passa pela calma tensa dos membros-
e cessa de existir no coração.
[RAINER MARIA RILKE]
DEDUÇÃO
...
Não acabarão com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.

[ Amo - MAIAKÓVSKI -1922]