sexta-feira, agosto 24, 2001

BORGIANDO BORGES

Alguém tem um livro que chama
"Luna de Enfrente"?

Ausencia
[Jorge Luis Borges]

Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos
y sin sentido, iguales
a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondonada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.
____________________________________________________
* A Lalá é um "borgiana" convicta, eu já nem tanto,
gosto dos seres imaginários dele, dessa coisa transparente
de se mostrar. Separei aqui uns trechos quem nem
vou citar a fonte que esqueci onde li, mas que gosto
muito. Ficou enorme esse "post" mas leia, que garanto
que vc vai se maravilhar com as observações. Hoje
24 de agosto seria niver do Borges. Parabéns e veja na
sua bola de cristal do livro Alef!!!
______________________________________________________
"Ocupou algumas cátedras nas universidades de Buenos Aires,
Texas e Harvard, sem outros títulos oficiais a não ser um vago
diploma obtido em Genebra e sobre o qual a crítica está
investigando... dizem que nos exames nunca fazia perguntas, mas
convidava os estudantes a escolher e tratar de um aspecto qualquer
de um tema. Não queria datas, afirmando que ele mesmo as
ignorava. Abominava as bibliografias, pelo fato de servirem apenas
para afastar os estudantes das fontes...

Consta, de fato, que o primeiro a se maravilhar com esse
sucesso foi o próprio escritor e que temia ser declarado impostor...
Desacreditou o livre-arbítrio e gostava de repetir a seguinte frase
de Carlyle: A história universal é um livro que somos obrigados
a ler e a escrever incessantemente e no qual nós também
somos escritos.
* Este texto foi escrito pelo próprio Borges, uma pequena biografia
que faria parte de uma certa Enciclopédia Sul-americana, a ser
publicada em santiago do Chile em 2074. "


"Dizem que eu fracasso porque tenho certos tiques, certas
repetições. De maneira que quase não me atrevo a
escrever espada, labirinto, espelho, pois imediatamente se
descobre que sou eu. Mas, ao mesmo tempo, custa-me
evitar estas palavras, que se me impõe. Sem dúvida,
tenho outros hábitos sintáticos dos quais não tenho
consciência. Um estilo é feito de tudo isto: dos hábitos
sintáticos, do gosto por certas cadências na prosa ou no
verso e, também, da reiteração de certos temas. "

quinta-feira, agosto 23, 2001

PALAVRA DE NELSON

* Hoje é 23 de agosto, seria aniversário do
Nelson Rodrigues. O que tenho em comum
com ele? Meu primeiro namorado foi meu primo.
Gosto de falar uma pornografiazinha.
Acho o título "bonitinha mas ordinária" o máximo!
Para o Nelsinho tudo era possível...
ele sempre descobria uma forma inusitada de amar...
E concordo inteiramente com ele:
"A burrice é uma forma de loucura"
e complemento: a inteligência é uma forma de sanidade.
Compre dois neurônios e resolva seu problema.
[Luna]
---------------------------------------------------------------------------
Sou um menino que vê o amor pelo buraco
da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci
menino, hei de morrer menino. E o buraco
da fechadura é, realmente, a minha ótica
de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo
pornográfico.

Os jardins de Burle Marx não têm flores.
Têm gramados e não flores. Mas para que grama,
se não somos cabras?

Numa simples ginga de Didi, há toda uma nostalgia
de gafieiras eternas.

Qualquer um de nós já amou errado, já odiou errado.

A fidelidade devia ser facultativa.

A burrice é a pior forma de loucura.

Frases extraídas do livro "Flor de Obsessão"
Cia. das Letras - São Paulo, 1997,
organizadas por Ruy Castro.
UMBIGO

umbigo e rosa
verso e prosa
fantasia e melindrosa
pele e prazeirosa
cheiro e apetitosa
mulher e gostosa

[ Luna]

PS. amo umbigo... um bigo.
e quando for dois bigos?
acho uma taça perfeita,
pra encher de champanhe
e sorver aos pouquinhos...
_____________________
Quinto Motivo da Rosa
[Cecília Meireles]

Antes do teu olhar, não era,
nem será depois, - primavera.
Pois vivemos do que perdura,

não do que fomos. Desse acaso
do que foi visto e amado:- o prazo
do Criador na criatura...

Não sou eu, mas sim o perfume
que em ti me conserva e resume
o resto, que as horas consomem.

Mas não chores, que no meu dia,
há mais sonho e sabedoria
que nos vagos séculos do homem.

terça-feira, agosto 21, 2001

DOCE

Tá vendo a que ponto cheguei?
Leia isso "the whole nutrition bar for women".
A Cris trouxe ontem dos Estates, uma barrinha
só para Luluzinhas e com meu singelo nome Luna.
Não vou oferecer nenhum pedaço para Bolinhas.
Tome língua :0P
Eu tenho um doce só para mulheres,
a gente merece uma guloseima só nossa!
Esses gringos sabem fazer "marketing"!!!
RAUZITO

Em um 21 de agosto, ele foi fazer seus questionamentos
no andar de cima. Não quero imitar ninguém, mas tem
frases dele que gostaria de ter escrito. Tento ser normal
todo dia e tem dias que consigo, como hoje! [eu-Luna]

"Que capacidade impiedosa essa minha
de fingir ser normal o tempo todo!"

"A desobediência é uma virtude necessária
à criatividade."

"Se por acaso eu cair em contradições,
deve-se ao simples fato de eu ser gente
e as pessoas são por natureza contraditórias,
pois acredito que não haja nada perfeito e
coerente no mundo que nos cerca... "
[Raul Seixas]

segunda-feira, agosto 20, 2001

CORA CORA LINDA

CARTA DE DRUMMOND A CORA CORALINA
Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1983. Minha querida
amiga Cora Coralina: Seu "VINTÉM DE COBRE" é, para
mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as
oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e
comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de
experiência humana, que sensibilidade especial e que
lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje
não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que
nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...). Não lhe
escrevi antes, agradecendo a dádiva, porque andei
malacafento e me submeti a uma cirurgia. Mas agora, já
recuperado, estou em condições de dizer, com alegria
justa: Obrigado , minha amiga! Obrigado, também, pelas
lindas, tocantes palavras que escreveu para mim e que
guardarei na memória do coração. O beijo e o carinho do
seu Drummond.

Sua obra se caracteriza pela espontaneidade e pelo
retrato que traça do povo do seu Estado, seus costumes
e seus sentimentos. Utilizando-se de ricos jogos de
palavras, comenta a própria vida (ou vidas) e sua terra
natal, abordando temas profundos, mas com simplicidade.
________________________________________________

Em 20 de agosto de 1889 Nascia a poeta goiana Cora Coralina,
pseudônimo de Ana Lins de Guimarães Peixoto Bretas.
Cora Coralina era chamada Aninha da Ponte da Lapa e
Trabalhou como doceira, na cozinha da Casa da Ponte,
produzindo seus versos ao pé do fogo. Publicou seu
primeiro livro aos 75 anos de idade e continuou lúcida até
quase os 96 anos, quando morreu em 1985. Nesses 96
anos, 78 foram dedicados à escrita. Inúmeras foram as
participações, condecorações, homenagens e prêmios
recebidos. Frequentou somente o curso primário e
recebeu o título "Honoris Causa" pela Universidade
Federal de Goiás de DOUTORA FEITA PELA VIDA.
Em 1979, recebe uma carta de Carlos Drummond de
Andrade , a qual a lança definitivamente ao Brasil como
uma grande poeta.
[fonte rádio Nova FM]

PS. Gosto de pessoas naturais, que fazem versos
como fazem doces, que adoçam a vida com palavras.
A Cora cora cora linda era assim! Parabéns garota!