quinta-feira, junho 27, 2002

CAPITÃO MOURO

Conheci o autor Bourdoukan ao vivo e a cores
em um seminário que teve aqui em Campinas
não faz nem dois meses.
O cara é uma figura, além do autógrafo me
deu um desconto de 1 real pois viu que eu
não tinha o valor todo do livro. O argumento
está com a Globo e logo Capitão Mouro
pinta na telinha do plim plim, enquanto isso
vou lendo pois gosto muito de temas
históricos e esse tem como cenário a
Capitania de Pernambuco, quer mais?
Então pega um queijo de coalho e vai ler.

"- Veja você o que é fidelidade - concluiu. - Cuidava dele
em vida e agora cuidar dele na morte.
- Loucos... São todos loucos...
- Humanos. Apenas humanos.
...
Safudim só tinha olhos para Maria. Esse era o nome
da ex-escrava, como aliás era o nome da maioria das
mulheres daquela terra.Para distinguir uma Maria da
outra, havia sempre um segundo nome. O dela era
Aparecida. Maria Aparecida."
[Capitão Mouro - Georges Bourdoukan]



quarta-feira, junho 26, 2002

O DIA EM QUE QUASE MATEI PAPAI

eu desfilando no Clube dos 30

Hoje é aniversário do meu pai e fui pegar umas
fotos antigas e lembrei desse dia.
Ele tinha deixado eu desfilar para uma boutique
e era no Clube dos 30 numa cidade
do interior de Pernambuco. O que não contei
é que ia ter moda praia e que eu ia desfilar de
maiô e biquine. A hora que ele viu quase foi
lá me tirar e eu toda faceira na passarela que
era só uma fita demarcando e todos aqueles
matutos me olhando. Quase matei papi nesse
dia do coração. Ele falava eu deixei ela desfilar
mas não era assim PELADA... até hoje lembro
da carinha dele dando bronca na minha mãe.
Depois fui eleita Miss Perna... outro dia conto
essa história... fui olhar minha postura era
bem retinha como convinha a uma boa bailarina.
Saudades desse tempo que não volta mais.
E meu papi sempre terá surpresas minhas eu
nunca fui de contar tudo...
*** não sei quantos anos eu tinha, sei que
morava em Santos e estava lá de férias.
publiquei 2 vezes
esse blog tá louco...

terça-feira, junho 25, 2002

COPA

bandeirinhas da copa
que filipe desenhou hoje

Deu um sono no garoto e não acabou o desenho, mas resolvi
colocar aqui pra ser amuleto da sorte, ele já separou a
camisa da seleção pra vestir e aí BRASIL é só derrubar
a Turquia pra gente fazer aquela orgia... só pra rimar.


segunda-feira, junho 24, 2002

MINHA BEBIDA
MINHA CACHAÇA

fui tomar essa garrafinha de Amarula
coloquei um cd e abri um livro de poesias
de papel bíblia de Vinicius de Moraes

Tipo nada como uma boa música, uma boa bebida
e um bom livro e aí abri numa página aleatória.
Achei que esse trecho combinava com a imagem:
"Minto, violo, roubo, bebo, mato"

Faço tudo isso quando estou apaixonada:
minto o que não precisa ser dito
violo um portão para encontrá-lo
roubo um coração e saio sem pedir nota fiscal
bebo uma garrafinha de amarula com chocolate
e mato, mato ele de amor, é dessa morte que falo

*** de Cordélia e o Peregrino de Teatro em versos
Vinicius de Morais

O Peregrino
Amor? Não sei... Tu és talvez amor.
És um lugar. És como uma casa
Na montanha, a se repetir
Através de etapas de solidão.
Não sou eu que te quero, és tu que existes
Em meu caminho, como uma pequena presença
Fatal. A fatalidade é tua, não é minha
Eu ando; ando após a tempestade
Que deixas onde passas; és o ar
Que eu respiro; sabendo-te
Descanso; sofro às vezes, mas um segundo teu
Renega tudo. O crime
É a presença de prazer no teu corpo
De mulher; tu chegas e eu
Sei que, oculto no teu ventre
Palpita-te o sexo, quente como um fruto
As que minha força de homem dá direito. Por isso
Minto, violo, roubo, bebo, mato. Tu vês
É impossível! Onde tu vais
Vai-te o sexo. Posso senti-lo
Em cada movimento teu. Que demônio
És tu, mulher, para conseguires viver
Assim violentada por ti mesma?

Cordélia
E o amor?

O Peregrino (irônico)
Ah, o amor... o inantingível
O invisível, o ausente, o omnisciente
Amor, a sugar como um vácuo
Imenso na criação, a vida de tudo o que existe...
...
Cordélia
Toma-me, vem.
Se provares de mim, esquecerás
O mistério. Não há mistério.
Em nada. É tudo a unidade
Da vida. Meu corpo te repousa...

domingo, junho 23, 2002

MOVIES MOVIMENTADO

Estarei em um curso em Campinas no domingão
inteiro, ministrado pela Janaina da Zangá Produções,
produção e preenchimento de projeto de cinema.
Parece que meus fins de semana estão sendo dedicados
a sétima arte. Quem sabe um dia não vou estar sentada
num cinema vendo o crédito com meu nome passar
e ter o bel prazer de assinar uma película.
BRINCO DE HELOISA

par de brincos que comprei no mercado mix
e batizei carinhosamente de"brinco de heloisa"
e pedi pra trocar, ela vendia os dois iguais
e os meus são um com olhinho aberto
e o outro dando uma piscadinha, bem
cara de heloisa... naquela piscadinha
que diz tudo...

"Fujo para longe de ti,
evitando-te como a um inimigo,
mas incessantemente te procuro
em meu pensamento. Trago tua
Trago tua imagem em minha memória
e assim me traio e contradigo,
eu te odeio, eu te amo"
[Carta de Abelardo a Heloísa]

"É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar
conforto.Só tu tens o poder de me
entristecer, de me fazer feliz
ou trazer consolo."
[Carta de Heloísa a Abelardo]

*** o mundo é cheio de coincidências,
estou lá na minha Ong de Cinema, numa
das reuniões habituais, conversando com
um participante, chego perto dele e brinco.
- Nossa, Timo seu nome me trás
lembranças tristes de Timor Leste.
Ele responde:
- Timo é meu apelido.
Meu nome é José Oswald Andrade Neto.
Sou neto de Oswald de Andrade.
Eu falo indignada, não acredito
que vc nunca me disse que era
neto de Oswald. E ele me fala
com aquela simplicidade incrível
- E ia mudar alguma coisa? E respondo.
- Ia mudar sim, pq ser neto de Oswald é
incrível, maravilhoso, quero saber tudo.
Vai ter que me contar muitas histórias
e começa com as dele com Drummond.

*** aqui tem uns detalhes da peça do
avô do meu amigo Timo (neto de Oswald)
"O Rei da Vela - Oswald de Andrade
Escrita em 1933 e publicada em 1937, o Rei
da Vela constitui-se no texto teatral mais
importante de Oswald de Andrade. A peça demorou
trinta anos para ser apresentada em São Paulo,
pelo Grupo Oficina, sob a direção de José Carlos
Martinez Correia; a encenação marcou época na
história do teatro brasileiro.

... As personagens têm os nomes de dois famosos
amantes da Idade Média: Abelardo e Heloísa. Ele,
um teólogo francês de século XII, ela, sobrinha
de um sacerdote. Pouco tem a ver, portanto, com
as personagens oswaldianas. Nesse sentido,
o autor usa os nomes de modo paródico, uma vez
que Abelardo I se une a Heloísa por puro interesse:
é um agiota, que vive da exploração dos outros,
cujo devedores se apresentam, na peça, dentro de
uma jaula. Heloísa de Lesbos pertence à aristocracia
rural brasileira, falida e em decadência. Deste modo,
o sentido romântico do texto original fica totalmente
subvertido pela moderna interpretação de
Oswaldo de Andrade."