sábado, abril 10, 2004

LIGA O RÁDIO....


Marcela Biasi

Arrastando Maravilhas
(Kali C. - Alexandre Lemos)

Eu não tenho muito, quase nada
Só a sombra do meu corpo sobre a estrada
Misturada a galhos secos
Eu só tenho becos e perguntas
Minha alma e minha culpa dormem juntas

Eu não tenho frio nos meus versos
Mas também não sei dos outros universos
Que carrego paralelos
Eu não tenho elos, nem correntes
Meu fantasmas sempre foram diferentes

Eu não tenho ilhas num tesouro
Um lugar em casa para o desaforo
Nem espaço pra lamento
Eu não tenho vento que me pegue
Nem diabo que me agüente ou me carregue

Eu tenho convites e te chamo
Minha natureza está no que eu te amo
Mesmo nesse mundo louco
Eu só tenho pouco tempo, agora posso esperar
Mas não demora

No silêncio do vazio
Arrastando maravilhas
Nem vertigem, nem limites
Daqui a pouco é outro dia

sexta-feira, abril 09, 2004

PICASSO

Jaqueline de m?os cruzadas
Pablo Picasso

O meu feriad?o est? bem light, nada de viagens. Na quarta fui em Sampa na Exposi??o do Picasso. Ontem a noite fui numa apresenta??o de capoeira daquelas que a mo?ada ? bem animada. Voltei com a ginga toda. Hoje acho que vou assistir meu amigo que faz o papel de Pilatos na Paix?o de Cristo. Tomara que eu consiga descansar e ver muito filme.

terça-feira, abril 06, 2004

COSTAS NUAS

mulher de costas em vestido de seda

INÓCUO TEXTUAL by Luna

Estou presa no vácuo da existência literária sideral. Muitas letras me perseguem. Todas aquelas que não menciono nas minhas poesias. O inócuo textual de substantivos de dicionário planetário. Esse mal hereditário de querer todo um vestuário de pergaminhos para as palavras não me deixam escrever . Essa mão, meu alçapão presa segurando o pássaro da sabedoria. Essa maestria de querer tocar com palavras que não para de martelar. O teclado de computador dedilhado docemente com toque de piano suave. Fazendo ecoar as frases lá longe. Onde a pirâmide guarda o tesouro do meu faraó de barba de quem sou devota. Envolta em seda , vejo a mulher de costas que o impressionou. Sinto o vento que a carregou. Vejo palavras no redemoinho. Girando girando girando. O limo do regato, escorregando. Amor escorregadio. Placa de sentimentos deslizantes. E eu continuo sob efeito do gás paralizante, com olhar fixo de mutante. Robótica Lunótica Acrobática. Sempre tentando fazer pirueta de biblioteca, roubando versos mágicos. Querendo dizer alguma coisa pra alguém, não sei quem. Um pé de jasmim reclama ai de mim! Eu juro que não queria tanto. Minto. Queria tudo. Céu e todas as estrelas. Um lugar confortável. E meu corpo celeste daria pra ele explorar. Uma passagem para o desconhecido, um planeta qualquer que vou criar. Um lugar fosco de enrrosco. Um parafuso confuso. Um nesga de perna, um seio rotativo, um sexo meteórico afundando na nuvem. Beijo com uma boca dicróica. Tudo futuro, um dia ele chega...