terça-feira, janeiro 28, 2003

POEMA ONLINE
Outro dia brincamos de escrever poema assim a quatro mãos ou melhor a quatro tecladas. Então o Penta que é meu amigo dos Anjos do Prata começou o primeiro verso por e-mail e fui escrevendo o seguinte. Tipo um dele outro meu. O intervalo entre um verso e outro as vezes era de 5 minutos. No ultimo verso ele abriu as torrentes virou um rio e terminou nosso embate poético. Veja se a gente leva jeito pra cyber poetas....

FIO DO PAVIO
[Penta e Luna em 24.01.2003 que Shakespeare nos ouça]

Estou só
Moldo a solidão
Faço crescer o espaço
Até que me surja um escasso
Fio de algodão

Dou um nó
Costuro a amplidão
Maço de flor no mormaço
Pétala de amor devasso
Fio de coração

Não corre de mim, solidão
Que teu abrigo de aço
Duro feito o peito de Jó
Foge do meu abraço
Cio de furação

Noves fora pula agora, camaleão
Quem te mobiliza de fato
Brinca de escravos-de-jó
Demancha meu laço
Ave de arribação

Que me dizes, donzela
Que me vês aqui temporão
Em serenata, de cravo
Na lapela, no tom exato
Do teu dó

Te digo, mazelas
Sua vez de me enxergar na escuridão
Em valsa, colírio com lírio
Na janela, o som do piano
Dó e ré maior

Te exulto, Cinderela
Pela ousadia de olhar
Tímida na janela
E depois desaguar, tépida
Tão preciosa tramela

Teu vulto, Cavalheiro
Pela estrada a cavalgar
Tenaz indo pra cidadela
E depois devorar, lépido
Tão fumegante gamela

E me jogarás tranças de mel
Tu, minha princesa adorada
Que me aqueces distante
Eu, caixeiro-viajante
Na torre de papel

Madeixas coloridas de pincel
Rei Artur, meu idolatrado
Quanta visita constante
Ela, rabanetes adocicados
Querendo lua-de-mel

De que cor te desenho
Se trazes nos olhos arcos-íris
E no peito fogos de artifício
Em que tela te deito
Que possa beber teus eclípses

São matizes coloridas
Se teus ombros são folhagens
E teus músculos miragens
A grama será nosso leito
E que Baco seja testemunha de minha nudez

E te encontro nessa insensatez
Nua de uva moscada, entre tuas folhagens
E busco tua saliva doce, cabernet
Tua língua fermentada, rosê
Num beijo enroscado, perfeito

E vou te sorver na embriaguez
Lua que foge na emboscada, acende uma vela
E no fio do pavio, navio do teu corpo
Lança âncora, prateada
Mar poético

Te entrego na brisa quente
Da manhã que brota ardente
Deixo teu corpo ardendo em vontades
Que breve me trarão de volta
Às tuas tempestades

Estou completa
Moldura de violão
Faço amor sem embaraço
Até que sintas minhas curvas
Estou por um fio

Contorno tuas delícias
Os cheiros do teu tecido
Cruzo tua última defesa
E te entrego minhas armas
Morro agora, feito um rio

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