domingo, abril 13, 2003

PLATÉIA

Twain Conferencista

As vezes estar na platéia é um ótimo lugar pra observar
o conferencista. A História se repete sempre de forma
circular é bom saber como a inspiração, admiração
por escritores acontece e o que pode desgringolar
daquela relação. Vide exemplo de Twain.

Dickens e Twain
O Negócio das Conferências

Em 1867, recém-encerrada a guerra da secessão americana, Charles Dickens, o mais bem sucedido escritor inglês do século XIX, no auge da fama, realizou sua segunda viagem aos Estados Unidos, país onde estivera vinte e cinco anos antes. E, tal como da primeira feita, o público americano o acolheu com fervor apaixonado. As conferências de Dickens, triunfantes, superaram qualquer expectativa. O prestígio dele continuava absoluto, intacto, mesmo tendo transcorrido um quarto de século das apresentações que fizera em 1842. Numa delas, em Boston, na platéia lotada, acompanhado daquela que seria sua esposa, encontrava-se Mark Twain. Ao ver o desempenho do novelista inglês no palco, decidiu-se ali mesmo entrar para "o negócio das conferências."

Mark Twain na platéia

Nas suas memórias (*), que ele começou a registrar em 1904, Mark Twain observou que ele devia duas coisas definitivas à presença de Dickens em Boston naquela ocasião. A primeira delas é que ao visitar seu amigo Charley Langdon, em dezembro de 1867, instalado num hotel com parte da sua família, Twain conheceu a irmã dele, a jovem Olívia, que mais tarde viria ser a sra. Clemens (o nome de batismo de Twain era Samuel Clemens) - "uma mocinha suave, tímida e linda". Naquela noite ele os acompanhou ao Auditório Stenway, onde se davam as "leituras" de Dickens. Twain saiu empolgado, decidido a abraçar aquele "negócio de conferências". Mais ainda aferrou-se à idéia quando descobriu que o novelista embolsara a impressionante soma de 200 mil dólares, apenas naquela temporada americana.
(*) The autobiography of Mark Twain (org. p/Charles Neider, 1958)

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