terça-feira, abril 06, 2004

COSTAS NUAS

mulher de costas em vestido de seda

INÓCUO TEXTUAL by Luna

Estou presa no vácuo da existência literária sideral. Muitas letras me perseguem. Todas aquelas que não menciono nas minhas poesias. O inócuo textual de substantivos de dicionário planetário. Esse mal hereditário de querer todo um vestuário de pergaminhos para as palavras não me deixam escrever . Essa mão, meu alçapão presa segurando o pássaro da sabedoria. Essa maestria de querer tocar com palavras que não para de martelar. O teclado de computador dedilhado docemente com toque de piano suave. Fazendo ecoar as frases lá longe. Onde a pirâmide guarda o tesouro do meu faraó de barba de quem sou devota. Envolta em seda , vejo a mulher de costas que o impressionou. Sinto o vento que a carregou. Vejo palavras no redemoinho. Girando girando girando. O limo do regato, escorregando. Amor escorregadio. Placa de sentimentos deslizantes. E eu continuo sob efeito do gás paralizante, com olhar fixo de mutante. Robótica Lunótica Acrobática. Sempre tentando fazer pirueta de biblioteca, roubando versos mágicos. Querendo dizer alguma coisa pra alguém, não sei quem. Um pé de jasmim reclama ai de mim! Eu juro que não queria tanto. Minto. Queria tudo. Céu e todas as estrelas. Um lugar confortável. E meu corpo celeste daria pra ele explorar. Uma passagem para o desconhecido, um planeta qualquer que vou criar. Um lugar fosco de enrrosco. Um parafuso confuso. Um nesga de perna, um seio rotativo, um sexo meteórico afundando na nuvem. Beijo com uma boca dicróica. Tudo futuro, um dia ele chega...

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