segunda-feira, fevereiro 13, 2006

POUCO

Ando dormindo pouco, saindo pouco e desencontrando
de tudo até das letras, essas escaparam.
É só um aperitivo, o texto todo será publicado
na página oficial dos Anjos de Prata.
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DESENCONTRADOS

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Carlos Drummond de Andrade


Mergulho. Caí de cabeça naquela relação amorosa e mesmo assim éramos desencontrados letrados. No papel existia uma certa magia mas na real era só fantasia. Ele me viu, tenho certeza por mais que disfarçasse. Não foi só pelo vestido verde limão com decote chamativo que era quase uma placa luminosa "pare, me olhe". Assim por baixo dos óculos, dava para perceber um olhar de simpatia que fugia.

Mapa. Ele chegava bem perto mas tudo era incerto. Marcava encontro e perdia o relógio, perdia o calendário, perdia o intinerário. A cada probabilidade de encontro, como mulher estudava todas as atitudes que iria tomar: decorava perguntas para fazer, ensaiava no espelho como deveria olhar, testava batons para que minha boca ficasse rosada e até o movimento da cruzada de pernas, tinha que ter um tempo certo de rotação das rótulas do joelhos. Queria que ele ficasse absolutamente encantado comigo e nada podia escapar daquele encontro.

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