quinta-feira, março 21, 2002

UM ESCRITOR DE BONS FLUÍDOS

livro, papel de rosas e envelope

* recebi o livro pelo correio, tão lindo envelope pardo
manuscrito com letra de escritor e dentro papel de rosas,
é miragem ou estou sonhando?

* esse e-mail foi depois do lançamento que jurei de pé junto
que não ia, como boa pinóquia nunca acredite no que falo.

Rosi!
Que alegria vc ter ido ao lançamento. A festa estava bonita e vc também estava
muito bonita, naquele
conjunto de vermelho e preto. Linda mesmo.
Hoje, resolvo uma encrenca aqui no Rio e de noite volto para CWB.
Saudades de ti.
Beijo.
R.

TROMBADA POÉTICA
Conheci o Renato já tem um tempinho, na realidade tem
algumas vantagens ser uma pessoa atropelada, as vezes
vc nem precisa se apresentar.
Isso, dei uma bolsada nele com meu equipamento
fotográfico, ele estava sentado ouvindo uma palestra
e quando viu foi aquele catapluf, foi grande, diria
uma trombada poética.
Bom foi fácil perceber que estava diante de um
poeta à moda antiga, ele beijou minha mão na
despedida, coisa de cavalheiro, pensei que nem
existisse mais e a partir daí a gente foi trocando
palavras. O Renato é do tipo que a alma está acima
de tudo e acho que já é um grande escritor por que
suas palavras transpiram sentimentos.
Esse depoimento foi no icq, sou uma ladra de
declarações de escritores...

"por enquanto estou tranquilo com o lançamento. não se
como vai ser no dia. acho que escrever é a única coisa que
gosto de fazer, a única que sei fazer. se me tirarem a literatura,
não tenho como justificar minha presença no mundo"

Vou colocar um trecho do livro aqui, todo mundo que sabe
que amo um pêssego, então dá uma lida nessa fruta:

"Descrevo aqui uma fruta pra falar de uma mulher. Tenho
aqui a fotografia (dados objetivos e irrefutáveis)e te conto
o que vejo: a pele clara, as sobrancelhas negras, os pequenos,
os finos delicados pêlos cobrindo o rosto - como o orvalho
na folha da árvore. Olho os olhos quentinhos da imagem
congelada, o sorriso querendo e não querendo acontecer.
Olho e penso: pêssego! Sei que é uma impropriedade, que
a mulher tem fartos cabelos negros (uma de nossas primas).
Mas insisto: pêssego! Porque há essa penugem que só
pode ser macia, que faz estender a mão, querer tocar
a fruta, deslizar os dedos por sua pele, percorrer os
cantos, aqui junto das orelhas, onde mostram e quase
se escondem uns brincos de pérola e dourado, no meio
da cabeleira negra. E insisto: pêssego! Porque a
tranquilidade da cena, nesse instantâneo doméstico,
me faz lembrar do perfume da fruta: suave e ainda assim
marcante, marcante e ainda assim suave. Na imagem
colorida, está o cheiro do fruto pérsico - exótico, doce,
sereno, líquido. Olho na boca da foto e digo: pêssego!
Ali há o róseo quase vermelho da pele da fruta,
anunciando o sangue da carne. A fruta, vermelhecendo,
pede mordida, como a boca, querendo sorrir, busca
outra boca. E se as bocas se encontram, é apenas
o começo do caminho, a promessa do turbilhão.
Há uma estrada sólida e líquida, há a semente, há
o sumo. ( trecho Da essência do pêssego)

QUER COMPRAR O LIVRO?
Livraria Armazém das Letras
rua das Laranjeiras, 363-B
em frente à Sociedade Hebraica
em Laranjeiras:

MECÂNICA DOS FLUIDOS
Contos
ReNato Bittencourt Gomes
Imprensa Oficial do Paraná
120 páginas
R$ 15,00




Nenhum comentário: