segunda-feira, junho 10, 2002

ENTREVISTA COM FREUD

*** Borba meu gato, não resisti a um suflair, digo um affair.

O Le Casserole, fundado em 1954, é o primeiro bistrô francês
instalado na cidade de São Paulo, no bucólico Largo do
Arouche. Oswaldy Alex ( sua mãe errou na hora do registro
não lembrou o nome certo de Woody Allen) faz parte desse
bistrô como profissional e toca piano clássico em todas as
quintas-feiras à noite. Você pode vê-lo e até pedir uma música,
como eu fiz. Fiquei numa mesa perto do pequeno tablado de
palco improvisado e quando Oswaldy levantou-se fui cumprimentar
(tinha ouvido seu nome na apresentação do couvert artístico da
noite). Estavam uns caras do meu curso de cinema, e uma colega
loirinha, pra dizer a verdade uma sirigaita de olhos azuis chamada
Celinha e tinha também vários fixionados por vídeo, os ditos
videomakers. Oswaldy é muito gentil e simples, quase uma
havaiana. Chamou-me pra sentar e logo ficamos numa boa, de
cara falou que me achou boa de corpo. Confesso amei
a sinceridade. Odeio esses caras que ficam com aquele papinho
pseudo-intelectual, aliás nunca soube entender os pseudos
qualquer coisa. Embora a Celinha não dava uma folga, ficava
parecendo um entulho, aposto que nunca ouviu um piano na vida.
Ele gostou de saber que existe uma grande platéia pra ele no
Bistrô e que eu, além de fã de seus arranjos no teclado, também
traço seus poemas. Fez questão de perguntar o que eu achava da
publicação pelo editor português.
"Fluente, embora muitos versos escravos. É do escritor Castro Alves.
- eu disse. - Principalmente porque achava que ele devia usar com
afeição a forma coloquial brasileira, (tipo bunda é bunda e não é
nádega, entende) que é parecida com a sua expressão literária.
" Comentei os bons diálogos dos livros e lembrei como exemplo o
conto "A Burra que tinha diploma".
"Deve ser difícil o editor português entender a diferença da nossa
língua que acho muito mais sacana."
"O português do Brasil pode ser altamente sacana" - falei. - "Aquela
sacanagem séria, de bom gosto." E citei uma parada daquele conto:

O sujeito tava afim de dar uma, sabe umazinha só e sem
complicações. Ficou entre a bonita e inteligente e a bonita e burra.
A bonita e inteligente chamava Maria Del Carmem, psicóloga, falou
a entrevista de Freud a noite toda. Acabou o tesão de tanta seção
e terapia. Apareceu a Luana era bonita e burra, resolveu encarar.
Ela disse que tinha um diploma, nem deu tempo de perguntar de
que? O tesão era tão grande que a mesa quase levitou. E partimos
pro esfrega entrega. A Luaninha lá pelas tantas murmura algo do
tipo f...oid, f...oid,. f...oid.

Me levantei sobressaltado, o que disse FREUD DE NOVO, NÃO!

E a Luana me disse com uma olhar lindo de súplica, não disse
isso, falei fode, fode, fode. Não teve broxada, foi o Freud ou o
Fode mais paudurecente da vida. A garota podia até ser burra
mas lá pelas tantas começei achar ela inteligente. Era a
diabinha em pessoa, não falou nada sobre livros e personalidades.
Beijou, lambeu, extremeceu, foi extâse puro. Não perguntou nada
se a encontraria , pra ela não existia o dia seguinte. E me embalei
naquela burrice que era o atestado de maior inteligência
que achei em uma pessoa. Nos amamos como se o mundo fosse
acabar numa explosão de sexo. Foi complicado pra saber dicernir
que tipo de mulher seria a ideal. Nós rimos muito quando ela disse
que naquela hora tinha falado Freud e gostava muito do tal pai
da psicánalise.

Quem sou eu, para entender as mulheres e suas curvas
de pensamento e de corpo. Às vezes o caminho é sinuoso e
me perco nessas estradas e acabo morrendo de amores em túneis
de prazer. Estava amanhecendo. Saímos todos numa caminhada até
a Consolação, enquanto a silhueta da Ipiranga começava a se
desenhar num céu cor de grafite. A Celinha inventou de cantar o tema
do filme Blade Runner e eu que nem sou boba puxei meu amado pelo
braço e falei sei tudo sobre Freud, mas faço como aquela burra do diploma.

E cá pra nós o Oswaldy confessou que a Luaninha tinha um nominho,
um corpinho, um jeitinho bem mais fácil de administrar. Ele disse que
deixaria a Maria Del Carmem, pra alguém que quisesse um carma,
um modelo de mulher que só serviria para Secretária da Cultura.
Ficou com o tesão na outra e na sua aparente burrice. E ainda
finalizou enfático: é nos burros que está a sapiência. Luana
aquela é que era mulher de verdade, não é Amélia, diz aí Mario Lago.

E eu nem me apresentei, meu nome é Luara, ele já me convidou
pra tocar piano no terraço da casa dele vendo a lua. E claro, já
disse SIM. E não se fala em divã, nem Freud, pelo menos vou tentar.
[Este é um texto de plágio ficção literária e nada tem a ver com a realidade]
Lilica (Rosi Luna).

PS. se alguém quiser ler o texto original que sugeriu essa
brincadeira, chama-se "Entrevista com Woody Allen" deixa
o e-mail no comentário que mando, vai morrer de rir com as
comparações o dele era um pub e esse é um bistrô mas tudo
acaba em sexo e em mulher, eu garanto.

PS1. esqueci de contar um detalhe, fui uma vez no Le
Cassarole, depois de assistir a peça "Os Mistérios de
Irma Vap" que noite que noite que noite... o filme
"Uma linda mulher" não era nada perto do vestidinho
tré chic que eu estava.

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