sábado, maio 14, 2005

FOLHAS SOLTAS


Fica lendo um trecho da minha nova crônica que
vou num casamento essa noite e volto mais tarde.
Já estou nos trinques, unha feita, cabelo reto e
agora só falta escolher o vestido.
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Folhas que não escrevi, caídas pelo chão de um outono
barítono. Bolhas que não soprei, voando pelo céu de
arranha-céu. Amores que não vivi, ouvidos de rumores
incolores. A cor é difusa, meu estado emocional, confusa.
Gosto da forma geométrica, obtusa. Se quero afundar em
pensamentos, medusa. Se quero pegar uma uma peça de roupa,
blusa.


Me usa, abusa, tira minha blusa. Me odeia, me incendeia,
tira essa meia, mas sinta alguma coisa. Tentei dizer de
todas as maneiras, abri tantas clareiras, queimei em todas
caldeiras. Não, ele não me quer, nem para brincar de
mal-me-quer. Assim jogada num canto qualquer, procuro um
jardim de bem-me-quer. Eu queria só ser tua mulher, uma noite
sequer. E se você pudesse me sorver, como sopa na colher.

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