quinta-feira, novembro 01, 2001

EM OFF

* Ontem gravei um off para um vídeo lá no IA da Unicamp,
o Instituto de Artes é mesmo um lugar "sui generis", alunos
com cabelos coloridos, outros de fantasia. E de repente
ouço um grito estridente, fazia parte de outra gravação.
Foi interessante sentar num cubo, numa sala toda escura
e com iluminação única em cima da página da minha leitura.
O texto falava de medo, aquele monte de gente me olhando,
gravamos o aúdio e o vídeo separados. Eu pude conhecer a
modelo da qual vou emprestar minha voz para sua imagem.
Dei uma ensaiada e foi de primeira, nada como relembrar meus
velhos tempos de radialista. Tenho muito medo de tudo,
acho que esse texto poderia ser pra mim...
Particularmente adoro ler poesias, e o professor elogiou
minha interpretação e me falaram porque não gravo um cd
com poesias, fiquei de pensar no assunto.
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Nego-me a me submeter ao medo
que me tira a alegria de minha liberdade,
que não me deixa arriscar nada,
que me torna pequeno e mesquinho
que me amarra,
que não me deixa ser direto e franco
que persegue;
[...]
No entanto não quero levantar barricadas
por medo do medo.
Eu quero viver, e não encerrar-me.
Não quero ser amigável por ter medo
de ser sincero
Quero pisar firme porque estou seguro
e não pra encobrir meu medo.

E quando me calo, quero fazê-lo por amor
e não por temer as consequências
de minhas palavras
[..]
Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável,
por medo de não me sentir seguro no novo.
Não quero fazer-me de importante porque
tenho medo de que senão poderia ser ignorado.

Por convicção e amor, quero fazer o que faço e
deixar de fazer o que deixo de fazer.

Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor.
E quero crer no reino que existe em mim.
[Forjando a Armadura- Rudolf Steiner]

PS. nos colocamos todos os adjetivos para o
feminino pq o professor achou melhor já que
a imagem e voz seriam de mulheres. O rosto
da moça era muito expressivo, diria bem
exótica e ela estava sentada com luz nas
costas e na posição de "O Pensador" de Rodin.
Os planos foram sendo alternados em closes
do rosto e minha voz ao fundo. Eu já tinha
feito isso várias vezes e na ultima tese de
um projeto de um jornalista sobre grafiteiros
ele tirou 10 com louvor, achei legal saber que
minha voz contribui pra isso.

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