domingo, fevereiro 03, 2002

CARTA VIRTUAL

Recife, 3 de fevereiro de 2002.

Caro F...ulano

Escrevo essas bem traçadas linhas
pra te dizer o quanto estou longe de ti.
Já é quase hora da Ave-Maria de um
domingo cheio de sol e eu aqui não
paro de pensar o quanto sou complicada
e egoísta. Notaste como estou igual
a um bicho arredio, notaste que não
te escrevo e nem quero contato com
ninguém. Hoje eu fiz uns círculos
afundando meu dedo na areia. Estou
tão confusa que nem me acho. Onde
será que me perdi? Nem sei quem
quero e nem sei quem me quer.
Não fica chateado, sou assim
inconstante e colorida. Quando amo
pareço um pincel, vou colorindo
minha vida. Nem te conto como meu
tom bronze ia te agradar, aquele
branco porcelana estava bom para
uma xícara de cristaleira. Me sinto
tão pronta para o pecado. Será que
pecado existe mesmo? Não acredito,
amar com o corpinho sempre vai ser
uma dádiva divina. Quando vc diz que
me ama no meu ouvido, arrepio toda.
Diz, diz, diz mesmo que seja de mentirinha.
Me fala onde vc está? Me fala que te
toco com essas teclas de letras.
Bem que podias me dizer que gostas
de receber cartas, mesmo que seja assim
sem destinatário certo. Saiba que moras
na minha lembrança e esse endereço
nunca vai mudar. Faça com que chegue
a ti meu amor imaginário. Que coisa mais
Mané sair da minha vida assim. Tá eu escrevo
coisas sem sentido sim e vc me entende, né!
Bom fecha os olhos; imagina a cena que sonhei
ontem. Uma mulher numa casinha de pescador,
ela tinha uma certa simpatia, não era tão bela assim
nem tão feia assim. Andava nua pela praia tomando
banho de lua e escrevia palavras como conchas
e jogava ao mar. E ele era um catador e ficava
com um saco cheio de frases sem sentido. Ele
jogava longe e formava um mar de palavras.
No sonho eles nunca se encontravam, eram de dois
mundos diferentes, dois astros que não podiam
estar no mesmo espaço como sol e lua.
Deixo um beijo terno, um inverno, um caderno
umas palavras com rima que invento, meu vento
sopra pra mim...
Luna Rossa

PS. se vc me responder vou terminar meu
carnaval com a chave de Olinda.

PS1. não liga que tem horas que me sinto
tão escritora que penso que vais entender
o que quero dizer, e aliás eu não quero
dizer nada pois nem sei com quem estou
falando, não é poste.

PS2. será que vale carta para as crônicas
da semana, foi só o que me inspirei pra
escrever. Esse fulano nem existe e essa
carta vai para o espaço sideral.

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