domingo, junho 23, 2002

BRINCO DE HELOISA

par de brincos que comprei no mercado mix
e batizei carinhosamente de"brinco de heloisa"
e pedi pra trocar, ela vendia os dois iguais
e os meus são um com olhinho aberto
e o outro dando uma piscadinha, bem
cara de heloisa... naquela piscadinha
que diz tudo...

"Fujo para longe de ti,
evitando-te como a um inimigo,
mas incessantemente te procuro
em meu pensamento. Trago tua
Trago tua imagem em minha memória
e assim me traio e contradigo,
eu te odeio, eu te amo"
[Carta de Abelardo a Heloísa]

"É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar
conforto.Só tu tens o poder de me
entristecer, de me fazer feliz
ou trazer consolo."
[Carta de Heloísa a Abelardo]

*** o mundo é cheio de coincidências,
estou lá na minha Ong de Cinema, numa
das reuniões habituais, conversando com
um participante, chego perto dele e brinco.
- Nossa, Timo seu nome me trás
lembranças tristes de Timor Leste.
Ele responde:
- Timo é meu apelido.
Meu nome é José Oswald Andrade Neto.
Sou neto de Oswald de Andrade.
Eu falo indignada, não acredito
que vc nunca me disse que era
neto de Oswald. E ele me fala
com aquela simplicidade incrível
- E ia mudar alguma coisa? E respondo.
- Ia mudar sim, pq ser neto de Oswald é
incrível, maravilhoso, quero saber tudo.
Vai ter que me contar muitas histórias
e começa com as dele com Drummond.

*** aqui tem uns detalhes da peça do
avô do meu amigo Timo (neto de Oswald)
"O Rei da Vela - Oswald de Andrade
Escrita em 1933 e publicada em 1937, o Rei
da Vela constitui-se no texto teatral mais
importante de Oswald de Andrade. A peça demorou
trinta anos para ser apresentada em São Paulo,
pelo Grupo Oficina, sob a direção de José Carlos
Martinez Correia; a encenação marcou época na
história do teatro brasileiro.

... As personagens têm os nomes de dois famosos
amantes da Idade Média: Abelardo e Heloísa. Ele,
um teólogo francês de século XII, ela, sobrinha
de um sacerdote. Pouco tem a ver, portanto, com
as personagens oswaldianas. Nesse sentido,
o autor usa os nomes de modo paródico, uma vez
que Abelardo I se une a Heloísa por puro interesse:
é um agiota, que vive da exploração dos outros,
cujo devedores se apresentam, na peça, dentro de
uma jaula. Heloísa de Lesbos pertence à aristocracia
rural brasileira, falida e em decadência. Deste modo,
o sentido romântico do texto original fica totalmente
subvertido pela moderna interpretação de
Oswaldo de Andrade."

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