sexta-feira, abril 20, 2001

MATÉRIA DE CAPA


Acho ninguém gosta de confessar, mas uma das minhas grandes
frustrações, foi não ter conseguido entrar na Oficina de Roteiristas
da Rede Globo. Tinha chegado de viagem e na pressa pra entregar
alguma coisa, pois soube do Concurso nas vésperas de acabar o prazo.
Escrevi uma sinopse ao meu ver o mais perfeita que pude imaginar.
Mas não tinha diálogos e nem as marcações de cena. Meu trabalho
nem chegou a ser lido, foi para o lixo direto. Fiquei sabendo
quando fiz essa entrevista com o professor. Chorei muito e uma
amiga falava pra me conformar, vai ter outras, tenha calma.
E eu totalmente arrasada ainda falava.
- Eu vou estar lá no primeiro dia dessa Oficina, custe o custar.
Foi quando tive a brilhante idéia de sugerir a pauta para o Jornal.
Pela primeira vez fui pra São Paulo no carro do Jornal com direito a
fotógrafo e motorista. O professor não gostava de jornalistas e foi
interessante, pois ele disse que se falasse amarelo um jornalista
sempre iria escrever laranja, eles sempre distorciam as palavras.
Gravei toda entrevista e ele me mandou um e-mail elogiando
que tinha conseguido escrever na cor certa.
E foi assim que estive na Oficina de Roteiristas não como
aluna que era o ideal, mas estive como jornalista. O Flávio
me deu um castigo e disse que só ia poder me dar entrevista
depois da aula. Quem me dera encontrar vários castigos
assim pela vida, amei estar lá e fiquei dois dias, depois
disso tive que terminar a matéria pois ele não permitiu
mais minha presença. Pelo menos senti o gostinho.
Leiam e me digam se como "maluca beleza" um dia ainda
não vou ter minha chance. Aposto que sim, não desisti e
vou morrer como soldado - perdendo mas lutando.
As minhas histórias ainda vão virar roteiro, claro que
conto com a ajuda de vários amuletos da sorte e quem
sabe um dia conheço assim, uma fila de autores de
verdade e eles me dão um empurrãozinho.
Tomara que não seja no colo deles, ia ser uma suruba
danada - autores também ficam excitados, eu suponho.
E com autora iniciante o negócio tende a levantar
com certeza. (risos)


RECEITA DE AUTOR

Flávio Campos dá a receita para quem quer ser autor " Tem que ter
imaginação em grande quantidade, tem que ter memória, noção de
continuidade, de ritmo, vasto domínio de língua portuguesa. Tem que
ter uma generosidade com o outro, tem que enxergar o outro na forma,
como o outro vive. É necessário ter uma cabeça dramática, tem que
enxergar a cena do cotidiano desfilando sob o seu olhar atento.
Tem que entender que a vida é uma revelação que brota de uma cena.
Tem que ter cultura, quanto maior melhor, conhecimentos de psicologia
de filosofia, isso são coisas que ampliam...."


A PARTE QUE MAIS GOSTO QUE ESCREVI...
Para participar da oficina existe uma quebra de valores, diferentemente
do que acontece com outros cargos- o candidato pode ter um perfil
bem particular, existe uma tolerância para a maluquice. O "maluco
beleza", que seria eleiminado para uma tarefa administrativa, é aproveitado.
Desfila uma galeria de tipos: desde a senhora de 60 anos, que passou a
vida cuidando do filho e agora descobriu o talento pra escrever, o rapaz
homessexual, aquele garoto de praia de 19 anos, passando pelo intelectual
de esquerda, o de direita, o negro oprimido, o careta, o pós-moderno,
não existe um pré-conceito definido de exigências para o candidato.


PS. o" Aquele" meu fã vai gostar de ler um pouquinho das minhas matérias...
nunca acerto a proporção, sorry por carregar o micro dos blogonautas
a imagem do jornal ficou um elefante... depois tento diminuir.

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