MATÉRIA DE CAPA
Acho ninguém gosta de confessar, mas uma das minhas grandes
frustrações, foi não ter conseguido entrar na Oficina de Roteiristas
da Rede Globo. Tinha chegado de viagem e na pressa pra entregar
alguma coisa, pois soube do Concurso nas vésperas de acabar o prazo.
Escrevi uma sinopse ao meu ver o mais perfeita que pude imaginar.
Mas não tinha diálogos e nem as marcações de cena. Meu trabalho
nem chegou a ser lido, foi para o lixo direto. Fiquei sabendo
quando fiz essa entrevista com o professor. Chorei muito e uma
amiga falava pra me conformar, vai ter outras, tenha calma.
E eu totalmente arrasada ainda falava.
- Eu vou estar lá no primeiro dia dessa Oficina, custe o custar.
Foi quando tive a brilhante idéia de sugerir a pauta para o Jornal.
Pela primeira vez fui pra São Paulo no carro do Jornal com direito a
fotógrafo e motorista. O professor não gostava de jornalistas e foi
interessante, pois ele disse que se falasse amarelo um jornalista
sempre iria escrever laranja, eles sempre distorciam as palavras.
Gravei toda entrevista e ele me mandou um e-mail elogiando
que tinha conseguido escrever na cor certa.
E foi assim que estive na Oficina de Roteiristas não como
aluna que era o ideal, mas estive como jornalista. O Flávio
me deu um castigo e disse que só ia poder me dar entrevista
depois da aula. Quem me dera encontrar vários castigos
assim pela vida, amei estar lá e fiquei dois dias, depois
disso tive que terminar a matéria pois ele não permitiu
mais minha presença. Pelo menos senti o gostinho.
Leiam e me digam se como "maluca beleza" um dia ainda
não vou ter minha chance. Aposto que sim, não desisti e
vou morrer como soldado - perdendo mas lutando.
As minhas histórias ainda vão virar roteiro, claro que
conto com a ajuda de vários amuletos da sorte e quem
sabe um dia conheço assim, uma fila de autores de
verdade e eles me dão um empurrãozinho.
Tomara que não seja no colo deles, ia ser uma suruba
danada - autores também ficam excitados, eu suponho.
E com autora iniciante o negócio tende a levantar
com certeza. (risos)
RECEITA DE AUTOR
Flávio Campos dá a receita para quem quer ser autor " Tem que ter
imaginação em grande quantidade, tem que ter memória, noção de
continuidade, de ritmo, vasto domínio de língua portuguesa. Tem que
ter uma generosidade com o outro, tem que enxergar o outro na forma,
como o outro vive. É necessário ter uma cabeça dramática, tem que
enxergar a cena do cotidiano desfilando sob o seu olhar atento.
Tem que entender que a vida é uma revelação que brota de uma cena.
Tem que ter cultura, quanto maior melhor, conhecimentos de psicologia
de filosofia, isso são coisas que ampliam...."
A PARTE QUE MAIS GOSTO QUE ESCREVI...
Para participar da oficina existe uma quebra de valores, diferentemente
do que acontece com outros cargos- o candidato pode ter um perfil
bem particular, existe uma tolerância para a maluquice. O "maluco
beleza", que seria eleiminado para uma tarefa administrativa, é aproveitado.
Desfila uma galeria de tipos: desde a senhora de 60 anos, que passou a
vida cuidando do filho e agora descobriu o talento pra escrever, o rapaz
homessexual, aquele garoto de praia de 19 anos, passando pelo intelectual
de esquerda, o de direita, o negro oprimido, o careta, o pós-moderno,
não existe um pré-conceito definido de exigências para o candidato.
PS. o" Aquele" meu fã vai gostar de ler um pouquinho das minhas matérias...
nunca acerto a proporção, sorry por carregar o micro dos blogonautas
a imagem do jornal ficou um elefante... depois tento diminuir.
sexta-feira, abril 20, 2001
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