domingo, abril 15, 2001

BEIJO ROUBADO


The Kiss - Gustav Klimt
diretamente roubado do Mucha


POESIA ROUBADA

Inconfidências

Vejo-te os passos, Marília, tateando o chão dourado desta Vila
Da qual és tesouro, Dirceu, mais que da vila, da vida minha
Liberta-te, amor, de grilhão que a alma te prende, atira-te imprudente
Atira-te impensadamente, Dirceu, em meu dilúcido abraço
Seja o lúdico, querida, sempre o lúbrico, mais se proibido
E colha a flor que para ti guardo de perdidas primaveras
Flor que sabe o musgo do mais recôndito paraíso
Vem, Dirceu, por isso, vem sem nada
Vejo pássaros que dançam sob o insólito sol da vila trágica
Paraíso das vagas estrelas de um imponderável crepúsculo
Devoro o que adoro na profana eucaristia de todas as horas
São esses ares, odores, ensejos de amores, rumores
Porque és isso, nereida e ninfa, a me fazer tonto, exposto, atônito
Maníaco que ataca súbito, veloz, terrífico
Que brilhem os teus cabelos na desvirtuosa viagem de todas as brisas
Astro estonteante de galáxias sem órbitas, senhor da aurora
Somente ante minha desdenhosa demoníaca Desdêmona
Veneziano viajante de eras errantes
No incansável encalço do desviante rastro estelar de sideral senhora
Seja meu o mel de teus lábios
Teus lábios teus dentes teu jeito nunca dantes
Dentes que te hão de prender, lábios beijar, jeito que só a ti se ajeita
Mas erras tão distante, hera de húmus, hímen da terra
Na distância mais íntima úmida e última das feras
Do homem navegante pelas sinuosas penugens de teus vales
Das montanhas, tamanhas e tantas destas Minas
Pela tua pele, síntese do pêssego
pelos teus pelos que se insinuam sob a túnica de seda
Deusa em mim latejante, voraz, Vênus ante tantos veneranda
Do Venerado Orfeu, são teus harpejos
Toda tua nudez será louvada
Teu canto será benvindo
Faça-te fera, me abata na terra, na mata
Me ama na grama, na lama
Me mata na cama
No chão, na mão
No meio do salão
na mente, ilusão
Dentro do meu coração
Vem, então, morrer comigo
Tira de mim o fatal feitiço que me inspiras
Desfaça a eternidade que me deu a tua lira
Fatal fantasia
Fantasmagoricamente gótica
De um anjo brasílico e barroco
Na Catedral do inconfessável desejo
Ai nave espacial do sonho sem retorno
Ai barco de aventura em mar revolto
Fortuna e virtude
Vício e ventura
Lábios de Marília perfeitos, feitos
flores sequiosas, famintas
Ao jeito de meu beijo famélico
Ciciam por delícias
Em carícias deliro
Suspira sereno em meu peito o supremo desejo
Inspira-me pois o eterno recomeço
Faça de mim pedaço de ti
Volto a semente, devoro o tempo
Devora a mim somente.

Pseudônimo: Saci Pererê da Silva
Autor: Levi Bucalen Ferrari
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PS. gosto de amores assim fumegantes, espumantes, conflitantes
realmente inspirante para qualquer poeta que se preza.
Essa poesia foi roubada da Página Um da minha amiguita
Lenita, que colocou um novo link lá e fui visitar um concurso
de poesias. Em especial gostei do pseudônimo e do sobrenome
Ferrari ah! se fosse amarela? Gostei da pele pêssego e tantas outras
passagens "São esses ares, odores, ensejos de amores, rumores
Porque és isso, nereida e ninfa, a me fazer tonto, exposto, atônito
Maníaco que ataca súbito, veloz, terrífico..."

Um comentário:

Levi Bucalem Ferrari disse...

Oi Luna Rossa,

Gostei de seu blog e deste poema "Inconfidências". Esta poesia não é mais roubada. O autor gostou de vê-la aqui com créditos e tudo como tem que ser. Só lhe peço algumas coisas:

1.Corrija meu nome para Levi Bucalem (com m) Ferrari;
2. A poesia foi feita para ser interpretada a dois: falam consecutivamente Dirceu e Marília. Para que isso fique mais claro eu sujiro que você coloque as falas de Marília em itálico;
3. Visite meu blog: blogs.utopia.org.br/levi e deixe lá seus comentáios e um link para o seu que está muito bem feito.
Abraços
Levi