terça-feira, julho 30, 2002


eu na sacada do hotel em itabira
* fica me olhando sem ciúmes,
que volto logo.

O CIÚME
[Guilherme de Almeida
nascido em Campinas
poeta, ensaísta, tradutor
e crítico brasileiro]

Minha melhor lembrança é esse instante no qual
Pela primeira vez me entrou pela retina
Tua silhueta provocante e fina
Como um punhal.
Depois, passaste a ser unicamente aquela
Qua a gente se habitua a achar apenas bela
E que é quase banal.

E agora que eu tenho em minhas mãos e sei
Que os teus nervos se enfeixam todos em meus dedos
Que os teus sentidos são cinco brinquedos
Com que brinquei;
Agora, que não mais me és inédita, agora
Que eu compreendo que tal como te vira outrora
Nunca mais te verei;

Agora que de ti, por muito que me dês,
Já não me podes dar a impressão que me deste,
A primeira impressão que me fizeste,
Louco, talvez,
Tenho ciúme de quem não te conhece ainda
E, cedo ou tarde, te verá, pálida e linda
pela primeira vez!

PS. amei amei amei esse poema, li hoje.

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