sábado, julho 28, 2001

MI AMADITO FERNANDO

Preciso contar que o que mais gostava
do Fernando era essa capacidade de ser "muitos".
Sempre confundi os heterônimos, mas com a
peça de teatro, deu pra sentir bem as diferenças.

A peça que assisti ontem à noite chamava-se
"O Fingidor" e "começa com uma situação radical
de um poeta vivendo seus ultimos dias de vida.
Esse poeta é em parte aquele Fernando Pessoa
dos diversos personagens literários - hoje -
quase um mito, vivendo numa Lisboa hipotética.
Tendo publicado um ünico livro e prestes a morrer
quase desconhecido."

A peça é muito tocante e não sei mas me fêz
lembrar muita coisa. O personagem que estava
organizando um conferência sobre o Pessoa e
que tinha verdadeira adoração por ele e acaba
contratando o poeta na função de um simples
datilógrafo. O poeta fingidor se passa por
mais um personagem Jorge Madeira. E seu
ardoroso fã não o reconhece. Achei lindo
quando ele diz: que se encontrasse o Fernando
Pessoa de verdade ia perder a voz, não saberia
o que falar. Acho que sei bem o que isso
significa. É uma admiração tão sem tamanho,
que vc perde todo o rumo da prosa.

Posso confessar, que amo esses personagens
e acho que cada um de nós acalenta uns
também e vai soltando na medida que a
vida chama. E mi amadito Fernando
amo fingidores... pode fingir que me ama...
que prometo fingir que acredito.

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