segunda-feira, outubro 08, 2001

A PONTE DOS APAIXONADOS

A ponte Mirabeau

Sob a ponte Mirabeau desliza o Sena
E os nossos amores
É bom lembrar, vale a pena,
Que a alegria sucede aos dissabores

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

As mãos nas mãos estamos face a face
Enquanto passa
Sob a ponte de nossos braços
A onda lenta de um eterno cansaço

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

O amor se vai como esta água barrenta
O amor se vai
Como a vida é lenta
E como a esperança é violenta

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

Passam-se os dias passam-se as semanas
Nada do que passou
volta de novo à cena
Sob a ponte Mirabeau desliza o Sena

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

[Guillaume Apollinaire]

PS. gosto muito desses versos e gosto saber a origem
poética, digamos que sou uma encantada com a história
das coisas, e principalmente de onde nascem as poesias?
É como se eu procurasse sempre a fonte de onde ela começou
a jorrar. Não sei porque hoje pensei nisso? aliás até sei.
A minha cabeça viaja tanto que tem horas que invejo
quantos carimbos no passaporte ela tem... Hoje ela
foi parar aí nessa ponte e no trecho do verso que diz...
"O amor se vai/Como a vida é lenta/E como a esperança é violenta"
Tirei de um site, não me pergunte o nome que esqueci
de colar aqui... só leia e sinta...

"Os apaixonados de Paris olharão sempre as águas passando
sob a ponte Mirabeau. Talvez um dia será preciso chamá-la
Ponte Apollinaire já que a nostalgia de um simples verso lhe deu tanta
celebridade. O poeta, na época quando ele escrevia o
« Pont Mirabeau », morava em Auteuil.
Infatigável em suas caminhadas, ele pegava sempre a ponte para
voltar para casa, fascinado pelo Sena.
... voltava ele do atelier de seu amigo Chagall, na Ruche, no 20eme
arrondissement. Com um pouco de água e o nome de uma ponte,
Apollinaire fez um maravilhoso poema onde a fuga do tempo e a
precariedade dos amores são a imagem dessa água que corre.
Existe na Sorbonne uma gravação em cilindro da voz do poeta,
lendo seus versos, feita pelo Studio-Laboratoire des Archives de la
parole que, desde 1911, gravava as vozes célebres. Sem dúvida
alguma, trata-se da mais antiga gravação homenageando o Sena.
A ponte Mirabeau data de 1893. Seus três arcos são um belo trabalho
em aço realizado por Résal, engenheiro da Ponte Alexandre III e da
Passarela Debilly. Graças a esse material, a abertura central
pode atingir perto de 100 m, o que com o emprego da pedra não
conseguiria."

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