terça-feira, setembro 17, 2002

DO FUNDO DO BAÚ

Fui no meu amigo João da faculdade pegar um livro
emprestado e ele mostrou um nome de um artista
que eu desprezei no índice de um outro livro
que veio pelo correio com autógrafo e tudo mais.

O livro falava dentre outros de Augusto Rodrigues,
a minha história com ele é cômica. Para o João é
trágica ele não se conforma como eu chutava tanto
o pintor. Tenho paixão por fachadas e acho que vou
recuperar o mundo e salvar o patrimônio histórico.

E cismei de querer que a fábrica de perfumes do Boticário
aprovasse um projeto meu sobre o Largo do Boticário no Rio.
Um cantinho que eu era apaixonada. Então fui lá
muitas vezes e tomava café com Augusto. E ele
humildemente me pedia pra fazer parte do
meu trabalho. O João é um fã do Augusto e não
se conformava com os meus foras com ele.
- Não Augusto você não entra no meu trabalho
porque sua casa é no Beco e não no Largo do
Boticário. E ele falava todo carinhoso.
- Mas dê um jeito e me coloque morando no Largo
e não pare de me visitar.

E eu ia lá conversava horas com ele. E nunca deixei ele
entrar na minha pesquisa. Um dia a Maria Fernanda
foi levar um convite para uma exposição de Cecília
Meireles eu tava lá. E Augusto todo orgulhoso
da minha presença. Notei que ele até me deu um
convite (que guardo até hoje) e me convidou pra
ir com ele. Eu só dava fora no Augusto e claro que
não aceitei. O João quer me matar, como posso ter
sido tão má com o grande Augusto Rodrigues.

E o pior é que o Boticário não aprovou meu projeto
eu era estudante universitária. Augusto me contou
tudo das festas e das orgias do Largo do Boticário
que era frequentado pela nata dos poetas da época.
Que pena Augusto, juro que agora tendo essa
noção de ficção que tenho colocava o beco dentro
do Largo do Boticário e colocava vc dentro.
Não se incomoda meu amigo, vc está no meu coração
e o projeto nem teve aprovação, pra rimar.

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