sábado, março 03, 2001

MIXI OLHA A HARPA EÓLIA...

Se é uma coisa que sempre me falaram que tenho
é memória... sempre me lembro das coisas, das
poesias, principalmente do que gosto, sempre
fui orgulhosa dessa capacidade de armazenamento.

O corpo num é lá tão escultural, diria que falta um
pouco de sustância but mas o mentár até que
que me surpreende. Sempre me lembro de onde
foi que vi aquela palavra ou aquela referência,
desde a época da faculdade era assim.

Lembrei de onde vi a harpa eólia foi na poesia
"Anjos da Meia-Noite" de Castro Alves, vou colocar
aqui só o trecho de uma mulher.

PS. Mixi a propósito, gostei de conhecer esse seu
lado lírico; sou meio desbocada as vezes, mas adoro
o lirismo dos poetas.

"Traz o subtítulo "Fotografias", a primeira
parte com seis estrofes heterométricas, seguindo-se
os sonetos a cada um dos anjos que desfilam na
fantasia do nosso nostálgico poeta. Nessas
visões podem-se identificar algumas mulheres
que tiveram influência em sua ardente mocidade."

Segunda Sombra
BÁRBARA [de Castro Alves]

Erguendo o cálix, que o Xerez perfuma,
Loura a trança alastrando-lhe os joelhos,
Dentes níveos em lábios tão vermelhos,
Como boiando em purpurina escuma;

Um dorso de Valquiíia... alvo de bruma,
Pequenos pés sob infantis artelhos,
Olhos vivos, tão vivos como espelhos,
Mas como eles também sem chama alguma;

Garganta de um palor alabastrino,
Que harmonia e músicas respira...
No lábio - um beijo... no beijar - um hino;

Harpa eólia a esperar que o vento a fira,
- Um pedaço de mármore divino...
- É o retrato de Bárbara - a Hetaíra.
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