quinta-feira, julho 19, 2001

ONDE ESTÁ O PRÍNCIPE ?



A Princesa não chega mais
de cavalo branco, ela chega
de hipopótamo marrom


[tirei essa foto em frente a um
restaurante de estrada na volta do Rio]



Eu não paro de devorar meu novo livro de poemas
do Candinho e vou colocar aqui mais alguns trechinhos:

Haveria interesse em conhecer o matador?
O vento e a lua não contariam.
A noite negra e os raios assitiram,
Na terra molhada havia,

Por todos os lados, rastos de pés
Semelhantes. Depois de alguns
Dias o enterraram. Não tocaram
O sino. Lá todos têm o mesmo pé.

Aos sete ou oito anos tive
Uma namorada branca, branca.
Nunca lhe disse uma palavra.
Nos víamos à saída da escola

Ou aos domingos na Igreja.
Ela sabia. Ficava vermelho
Quando os meninos diziam
O nome dela. Ao sol ela doía na vista,

De tão branca e luminosa
Depois nunca mais a vi e
Nem lhe ouvi o nome,
Namorei tantas meninas e
Ninguém soube.
....
Mas tudo se iluminou: a lua
Branca sorria. Acenavam-me as gabirobeiras:
Em cada uma eu via a tua imagem...
...
Mais tarde tratei com os
Homens: e a tristeza veio e
Permaneceu - nunca mais me alegrei
...
Na infância amei uma cousa branca
Esperava-a nas esquinas
Pressentia-a de longe.
A lua de São Jorge alumiava
A estrada para ela.
...
Ares. Tristes mas esperançosas.
Talvez seus sonhos se realizassem...
O sonho era um príncipe. Ele não
Viria. Elas seriam logradas, mas
Era bom morrer
Sonhando com o príncipe.

[O menino e o povoado - Cândido Portinari]


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